Nascido do Crime - A resiliência de Trevor Noah

Trevor Noah nasceu durante o apartheid na África do Sul e tornou-se um famoso comediante de stand-up.

Diz que é NASCIDO DO CRIME. O tema que dá nome ao seu livro, retrata sua infância e adolescência. Foi mantido em segredo pela mãe durante muito tempo por ser filho de um homem branco com uma mulher negra, numa época em que relações inter-raciais no país eram proibidas.

Em uma escrita que parece uma carta para a mãe ele agradece

“por me trazer a este mundo e fazer de mim o homem que sou hoje, tenho a maior dívida de todas, uma dívida que jamais serei capaz de quitar, para com a minha mãe.”

Seu livro é recheado com temáticas sobre cultura, política, raça e sexualidade.

“Eu me lembro daquilo que causou o trauma, mas não me apego a ele. Nunca deixei a lembrança de algo doloroso me impedir de tentar algo novo. Se pensar demais na surra que levou da sua mãe ou na surra que a vida te deu, você para de testar limites e de quebrar regras. O melhor é aguentar aquilo, passar um tempo chorando, acordar no dia seguinte e seguir em frente. Vão restar algumas feridas para lembrar o que aconteceu mas tudo bem.”

Uma forma poética de definir resiliência na prática, concorda? Chorar, seguir em frente e não pensar demais sobre o assunto – tudo bastante importante.

Mas sempre tenho um pé atrás com relação a palavra aguentar: quando ela te leva para aquele lugar do herói/heroína que suporta tudo a qualquer preço e que pode te fazer sucumbir pelo mesmo motivo, definitivamente não gosto.

Acho importante o aguentar que vem junto com acolhimento, com ajuda, entendimento, ampliação de consciência e tomada de decisões. Um aguentar potente, de utilidade.

É esse aguentar que te fortalece, que te faz lembrar das cicatrizes sem que elas se rompam a cada vez que der uma espiada nelas, que te faz chamá-las de suas.

Aí sim, tudo bem. De coração, com verdade e força.

Tá aí um livro que pode te fazer enxergar a vida de um modo diferente.

Foto: rottentomatoes

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